Dra Priscila Henriques

MIOMA - Tratamento de Embolização

Preservação do Útero

O que são miomas uterinos?

Também conhecidos por fibromas ou leiomiomas, os miomas são tumores benignos do útero formados por tecido muscular.

São bastante comuns, podendo atingir até 50% de nós, mulheres, em algum momento da vida, especialmente na fase reprodutiva. São especialmente comuns na faixa etária dos 30 aos 50 anos.

Felizmente, na maioria dos casos os miomas não causam sintomas, e é possível viver normalmente com eles. Entretanto, como seu tamanho e localização podem variar, em muitos casos os miomas podem levar a sintomas que impactam na qualidade de vida das pacientes.

Quais são os fatores de risco para desenvolvimento dos miomas?

Alguns fatores que elevam a chance de seu desenvolvimento são: mulheres negras, mãe ou irmã com miomas, obesidade, hábitos alimentares pouco saudáveis, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, início precoce da menstruação e a nuliparidade (não ter filhos).

Uma vez que atinge mulheres em idade reprodutiva, acredita-se que o estrogênio e a progesterona têm papel central no surgimento dos miomas.

Quais são os sintomas mais comuns dos miomas?

Quando presentes, os sintomas mais comuns são: sangramento uterino anormal, dor na parte inferior do abdome, cólicas, sensação de peso pélvico e na bexiga, perda espontânea de urina, dor lombar, dor durante as relações sexuais, constipação (intestino preso), e em alguns casos, dificuldade para engravidar.

O tipo de sintoma está intimamente relacionado à localização do mioma no útero, por isso são tão variáveis.

Dra. Priscila Henriques da Silva
Médica Radiologista Intervencionista
CRM-SP 176687
RQE 935891

Esses sintomas podem ter diversas causas ginecológicas. Como detectar se eles ocorrem por causa dos miomas?

Um bom exame físico é a primeira parte da investigação. Já o principal exame de imagem para detectar miomas é o ultrassom transvaginal. A ressonância magnética da pelve, por sua vez, é o exame mais preciso para ver o número de miomas e também sua localização exata.

Quais casos merecem atenção especial?

– Mulheres com dores persistentes e agudas, com miomas que crescem de maneira acelerada, muito grandes e que afetam sua qualidade de vida.

– Presença de sangramentos contínuos apesar do uso de remédios.

– Mulheres que queiram engravidar e são impossibilitadas pelas lesões também merecem um cuidado especial.

Quais são as opções de tratamento para miomas?

Os tratamentos indicados para miomas uterinos variam entre medicamentosos, procedimentos minimamente invasivos, e cirurgias. Essa decisão depende de inúmeros fatores e por isso deve ser individualizada a cada paciente.

Não existe um “melhor tratamento” em relação ao outro, e sim o que é melhor para cada paciente, a depender de seus sintomas, número e localização dos miomas, desejo de ter filhos e risco cirúrgico.

Os remédios podem ser prescritos para alívio dos sintomas e diminuição não definitiva dos miomas. Para casos que não respondem com sucesso a esse tipo de tratamento, pode ser necessária uma outra abordagem.

Tratamento hormonal: consiste na administração de medicamentos com o intuito de bloquear o estímulo hormonal e fazer com que o sangramento seja interrompido. Na maioria das vezes é a primeira opção de tratamento devido à ampla disponibilidade e baixo custo. Há, entretanto, alguns problemas nessa abordagem: algumas mulheres não tem melhora dos sintomas apenas com hormônios, e o bloqueio hormonal não permite a gestação, no caso de mulheres que têm esse desejo.

Tratamento cirúrgico: pode se dar através da retirada total do útero (histerectomia) ou da retirada apenas dos miomas (miomectomia). O que vai determinar a escolha do tipo de cirurgia é a quantidade, localização e tamanho dos miomas. É importante ter em mente que na presença de muitos miomas e com localização desfavorável, a miomectomia pode ser desafiadora e, em alguns casos, há risco de evolução para histerectomia. A histerectomia é uma alternativa para aquelas mulheres que não desejam ter filhos e não fazem questão de manter o útero.

Tratamentos intervencionistas minimamente invasivos: compreendem a embolização de miomas e a ablação de miomas. Apesar de métodos totalmente diferentes, ambos são guiados por exames de imagem, são pouco invasivos, sem cortes de cirurgias convencionais, estão relacionados a alta em menos de 24 horas e retorno precoce às atividades diárias.

O que é a embolização de miomas?

A embolização uterina é um método inovador de tratamento dos miomas. Mas como ele funciona? Como os miomas são nutridos por sangue proveniente de uma artéria, a oclusão dessa artéria interrompe o suprimento de sangue nas lesões, causando diminuição do tecido miomatoso.

A técnica consiste em um pequeno furo na virilha, de apenas 2 mm, por onde são inseridos os cateteres com os quais será realizado o procedimento. Com o auxílio de um aparelho de hemodinâmica, esses cateteres são colocados na artéria que está nutrindo os miomas e nela são injetadas pequenas partículas que provocam sua oclusão.

Esse processo interrompe o fluxo de sangue para o mioma, fazendo com que ele diminua significativamente.

Não há cicatrizes ou qualquer comprometimento estético, e o procedimento pode ser realizado sob anestesia local e bloqueio de nervo com sedação, ou raquianestesia com sedação. Não é necessária anestesia geral.

Quais são as vantagens da Embolização de Miomas?

– Não é um procedimento experimental, e sim uma técnica segura e já bem estabelecida com vasta evidência na literatura médica;

– Permite manter o útero e a possibilidade de gestação;

– Não deixa cicatrizes ou causa qualquer comprometimento estético;

– É altamente eficaz para controlar os sintomas provocados pelos miomas;

– Pode ser realizado em único dia de internação;

– Rápido retorno às atividades diárias.

A embolização de miomas pode ser feita pelo convênio?

Sim. Trata-se de um procedimento reconhecido pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e todos os planos de saúde são obrigados a realizar sua cobertura, quando adequadamente indicado.

Quais são as pacientes que mais se beneficiam da embolização?

Para as mulheres que não desejam ter filhos, a embolização é uma opção altamente eficaz que pode substituir a cirurgia de histerectomia ou a terapia medicamentosa. Nesse caso as vantagens são: preservação do útero, rápido retorno às atividades, e ausência de cicatrizes.

Para mulheres que ainda desejam ter filhos, a análise de qual a melhor opção terapêutica deve ser mais cuidadosa. Alguns miomas têm localização favorável para serem retirados por cirurgia de miomectomia e usualmente este é o tratamento escolhido. Entretanto, algumas mulheres têm muitos miomas e a cirurgia de miomectomia pode vir a apresentar risco de perda uterina. Nestes casos, a embolização pode ser uma ótima alternativa.

O mesmo vale para pacientes que já foram submetidas a uma ou mais cirurgias de miomectomia e apesar disso, tiveram aparecimento dos nódulos novamente. Neste caso, a embolização pode ser uma opção.

Como as pacientes se sentem nos primeiros dias após o procedimento?

É comum sentir dor moderada a intensa logo nos primeiros dias após a embolização. Isso ocorre por conta do mecanismo da embolização, e é algo esperado e transitório. Esta dor pode ser controlada com uso de analgésicos normais, opióides e anti-inflamatórios. Na maioria das pacientes, as dores passarão dentro de 3 a 5 dias.

Apesar do desconforto logo após o procedimento de fato existir, é importante ter em mente que ele é passageiro. Os benefícios trazidos com o procedimento, por sua vez, são duradouros.

Quantos dias as pacientes submetidas à embolização ficam afastadas do trabalho?

A maioria das pacientes fica afastada por 7 dias.

Os miomas somem após a embolização?

Não. Eles continuam no útero mas diminuem em média 70% em 6 meses após a embolização. Assim, também há redução do volume do útero como um todo. Costumamos comparar o mioma antes da embolização com uma uva, que, após o procedimento, fica com a aparência de uma uva passa. Ele ainda permanece, mas passa a ficar significativamente menor e desvascularizado.

Além disso, mais importante do que considerar a redução do mioma como parâmetro de sucesso, é levar em conta a melhora expressiva dos sintomas após o procedimento. O fluxo menstrual passa a normalizar em 90-95% das pacientes, enquanto a dor e sensação de peso são resolvidos em 80% dos casos.

É importante frisar que os benefícios provocados pela embolização são permanentes, o que raramente torna necessário algum procedimento terapêutico adicional.

É possível engravidar após a embolização?

Sim. Há evidências científicas de que é possível gestar após a embolização uterina. É importante levar em conta que a fertilidade é multifatorial, por isso diversos outros aspectos do casal devem ser considerados.

Meu recado pra você é:

Ouço diversos relatos de mulheres com enorme impacto na qualidade de vida por conta dos sintomas causados pelos miomas. Dificuldade em sair de casa usando uma roupa em que se sinta bem, medo de que o sangue vaze e suje a roupa, dores que impedem um trabalho produtivo ou outras atividades do dia-a-dia. Esses sintomas não devem ser banalizados. Não devemos nos acostumar com essas queixas e perder qualidade de vida por conta dos miomas. Eles podem e devem ser tratados. Minha motivação é te auxiliar nessa jornada.

Ficou com alguma dúvida? Será um prazer atendê-la!

Enviar uma mensagem
Como posso te ajudar?
Olá!
Como posso te ajudar?